À atenção dos dâmasos. Não li o Equador; não sei se alguma vez o lerei. Nunca corri atrás dos best-sellers, tenho até um reflexo condicionado que me impede de ler um livro ou de ouvir um disco exposto e comentado em demasia. Mas não tenho nada contra o romance de Miguel Sousa Tavares -- comentador que admiro --, e até admito tratar-se duma excelente narrativa que me esteja a passar ao lado. O que li hoje no DN sobre o alegado plágio é de tal forma canhestro que nem sei se valerá a pena o MST descarregar duas pauladas nos caluniadores, uma vez descobertos. Para canalha desta, para estes cobardes que se acobertam do anonimato para impunemente dar vazão ao despeito, recomendo que se use o método Carlos da Maia diante do Dâmaso: cruzando-nos com lixo humano que procurou causar-nos dano, cuspa-se-lhe no focinho.
Dylan rock & folk [George Jackson]. Dylan electrificado deu a polémica que se conhece, há pouco revisitada por Martin Scorsese no excelente «No direction home». Muito contestado pelos militantes do folclore, o músico pretendeu, nessa altura, agradar a gregos & troianos nos seus espectáculos: uma primeira parte mais folk e acústica, a outra mais rock e eléctrica. É o que se vê neste «George Jackson», tema nunca editado em álbum de originais: só que aqui -- imposições do mercado... --, a «Big band version» vinha no lado A e o Bob Dylan dos puristas, no outro.
Choque de esculturas. Quando Picasso comprou a primeira estatueta africana, deu-se um choque de esculturas na arte ocidental.
BABOSEIRA
Se o bêbedo bebe
o bêbado beba?
Bêbedo com a bebedeira
bêbado com a bebadeira.
Bebo-lhe?, beba-lhe?
Bebe-lhe!
O novo Prémio Nobel da Literatura, o turco Orhan Pamuk, foi apresentado pelos telejornais desta noite como um «escritor político», defensor da causa arménia e curda, atitude que já lhe causou alguns amargos de boca no seu país natal. Se esse posicionamento é respeitável, não se segue que esta postura humanista faça obrigatoriamente dele um assinalável escritor. Uma literatura só de boas intenções é, geralmente, uma literatura má -- como má é a que se autojustifica e esgota nela própria. Pamuk, na peça televisiva que vi, reage muito bem, dizendo o que se espera de um premiado desta envergadura, originário de um país sem tradição nobelitável: «Entendo este prémio como uma homenagem à literatura, à língua e à cultura turcas.» A forma, porém, como mediaticamente ele nos é apresentado, deixaria aquela sensação desagradável -- como já sucedeu em vários outros casos -- de esta ser uma distinção atribuída por razões eminentemente políticas, pouco tendo que ver com a arte literária de que ele deverá ser um dos mais assinaláveis cultores na actualidade, exactamente pelo galardão que acaba de ser anunciado. Ciente disto, Orhan Pamuk assumiu-se como um «escritor literário», alguém que pesquisa, que experimenta, que corre riscos quando escreve; isto é, um verdadeiro escritor, um artista da palavra e da narrativa com a excelente vantagem de não estar alheado do contexto epocal que lhe coube viver. Fiquei, por isso, muito curioso e com vontade de comprar os seus livros.
Fanico, faniquinhos, faniquitos. Ui!, os malefícios da guitarra eléctrica...