Um alto saxofonista. Cheguei há pouco do Parque Palmela, acabado de ouver (como diz o José Duarte) a Charlie Parker Legacy Band, assinalando o 50º aniversário da morte de um dos criadores do bebop. Veterania da secção rítmica (J. Cobb, R. Drummond e R. Mathews), que chegou a empolgar-me; juventude nos três saxes-alto (W. Anderson, J. Davis e V. Herring). Vincent Herring, diz o programa, começou a ganhar a vida como músico de rua, acabando, porém, a tocar com grandes nomes do jazz, de Hampton a Blakey. Executante excepcional me pareceu ele esta noite. Se houvesse a ventura de ser músico, quereria sê-lo como Herring.
You don't know what love is. You Don't Know What Love Is, peça de Eric Dolphy. Multi-instrumentista (sax alto, clarinete baixo e flauta), sopra na transversal magnificamente, num registo de 2 de Junho de 1964. Não foi por isto, porém, que resolvi postar. Grande música existe felizmente em abundância, e esta é-o, indubitavelmente. Comoveu-me, numa composição de abertura triste, o arco do contrabaixo a afagar a flauta, a informação que me deu o José Duarte no vol. 5 do Let's Jazz em Público, que lhe é inteiramente dedicado: poucos dias após o concerto, a 29 de Junho, o músico morreria, com 36 anos. Estava eu a nascer quando Dolphy se despedia da música e da vida. Entre uma data e outra.
Humanidade
A doçura daquela
voz a tristeza daqueles
olhos o calor da
trompete de
Armstrong o segregado
desmentindo o ódio
3,2,1... jazz! Acabo de ver, ouvir e ler o primeiro cd, e respectivo livreto, da colecção Let's Jazz em Público, dirigida por José Duarte e publicada pelo jornal de José Manuel Fernandes. Deixo aqui três momentos de exaltação: