[s/título] No restaurante onde almoço regularmente tive um dia destes a vizinhança de quatro académicos turcos, em Portugal ao abrigo de um programa comunitário. Estão a gostar imenso do país, mas lamentam a profusão de pratos com carne de porco que lhes são oferecidos nas ementas das casas de pasto. Um deles, que vivera nos Estados Unidos, disse-me, com certa solenidade: «We don't eat pork.» Intimamente senti o incómodo de estar diante de gente aberta na aparência, europeus como o quis Ataturk, e -- sempre para mim --, lamentei estes simpáticos scholars, já atingidos pela peste do fundamentalismo religioso e inibidos pelo seu preceituário negro. Porque, das duas, uma: ou eles são realmente observantes e repelem as bifanas (o que, para um laico como eu-- de formação católica, embora --, faz tanto sentido como privar-me de comer um bife à Trindade por ser sexta-feira); ou, também não muito tranquilizador, assumem com esta atitude, uma «etnicidade» vincada, atitude que, a generalizar-se, dificultará a sua entrada na UE, entre outras consequências pouco simpáticas.
E pensar que, há vinte e tal anos, por esta altura do ano, confraternizava descontraidamente num café de Paris com um grupo de argelinos, refrescando a noite de verão a sumos e... cerveja!